quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

O INCONSCIENTE NÃO EXISTE SOZINHO

https://academiafreudiana.wordpress.com/2015/02/03/o-inconsciente-nao-existe-sozinho-freud-nao-explica-freud-implica/

O inconsciente não existe sozinho – Freud não explica… Freud implica!

Freud não inventou o inconsciente! Antes dele já se falava em inconsciente, assim como seu uso não se restringe à Psicanálise. O que diferencia o inconsciente proposto por Freud?
Aprendemos desde cedo na faculdade de psicologia, ou em alguma formação em psicanálise, que o inconsciente se manifesta através dos sonhos, atos falhos, chistes e lapsos. Bastaria alguém trocar um nome, esquecer outro, ter sonhado, e pronto, isso seria o inconsciente se “comunicando”.
É aqui que entra o diferencial do inconsciente freudiano. Todas estas manifestações serão pura fenomenologia (que não é psicanálise) a não ser que o sujeito se responsabilize por elas. Somente quando uma manifestação é levada para um status de questão, que pode ser considerada uma manifestação do inconsciente. Ou seja, o inconsciente se estabelece na clínica dentro de uma relação transferencial entre analisando e analista.
“Então quer dizer que se troquei um nome, ou sonhei, não significa que isso seja o inconsciente?”. Sim e não. Por um lado sim, aqui está o inconsciente em sua dinâmica própria, mas ao mesmo tempo não, pois, se não há responsabilidade do sujeito em reconhecer aquilo como um produto em que ele é agente, simplesmente se perde como “destino”, como “coisas da vida”, etc.
Para esclarecer:
“Uma regra de pensamento que tem que se assegurar do não -pensamento como aquilo que pode ser sua causa: é com isso que nos confrontamos ao usar a ideia de inconsciente.
É somente na medida do fora-de-sentido dos ditos – e não do sentido, como se costuma imaginar e como se supõe toda a fenomenologia – que existo como pensamento. Meu pensamento não é regulável a meu bel-prazer, acrescentemos ou não o infelizmente. Ele é regulado. Em meu ato, não almejo exprimi-lo, mas causa-lo. Porém não se trata do ato, e sim do discurso. No discurso, não tenho que seguir sua regra, e sim encontrar sua causa. No entre-senso – entendam isso, por mais obsceno que possam imaginá-lo – está o ser do pensamento.
O que é causa, ao passar pelo meu pensamento, deixa passar aquilo que existiu, pura e simplesmente, como ser. Isso porquê, ali por onde ela passou, ela já é desde sempre passada, produzindo efeitos de pensamento.” – Lacan, Seminário 16, p. 13
Onde a fala tropeça, e o sujeito se desconhece, se estranha, se pergunta, aqui está o seu inconsciente, que encontrará suporte no analista em seu semblante de Sujeito Suposto Saber por carregar o “objeto a” no bolso.
Freud não explica… Freud implica!
saulo@academiafreudiana.com.br

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