27/02/2013
Antidepressivos sem terapia não têm
efeito, alerta pesquisador
Redação do Diário da Saúde
Cérebro e Mente
Os médicos precisam reconsiderar a forma como estão
prescrevendo antidepressivos.
Os estudos mais recentes vêm mostrando que os
antidepressivos restauram a capacidade de determinadas áreas do
cérebro a fim de contornar rotas neurais cujo funcionamento não está normal.
Mas essa mudança no "hardware" do cérebro
só trará benefícios se houver uma mudança no "software" - na mente do paciente - algo que não é suprido pelos
antidepressivos, só podendo ser alcançado mediante a prática, psicoterapia ou terapias de reabilitação.
O alerta contundente está sendo feito pelo renomado
neurocientista Eero Castrén, da Universidade de Helsinque (Finlândia).
Plasticidade cerebral
Trata-se de uma posição surpreendentemente franca,
principalmente vinda de um neurocientista respeitado mundialmente.
Afinal, milhões de pessoas em todo o mundo tomam antidepressivos seguindo
receitas de seus médicos, e as empresas farmacêuticas têm faturado bilhões de
dólares vendendo essas drogas.
Será então que um sistema tão amplamente aceito
poderia estar totalmente errado?
É exatamente isso que mostram estudos recentes na
área.
Pesquisas em modelos animais demonstram que os
antidepressivos não são uma cura por si sós.
Em vez disso, o seu papel é o de restaurar a
plasticidade no cérebro adulto.
Os antidepressivos reabrem uma janela da
plasticidade cerebral, que permite a formação e a adaptação de conexões
cerebrais através de atividades específicas e observações do próprio paciente,
de forma semelhante a uma criança cujo cérebro se desenvolve em resposta a
estímulos ambientais.
Reconectando as ligações do cérebro
Quando a plasticidade cerebral é reaberta,
problemas causados por "falsas conexões" no cérebro podem ser tratadas - por exemplo, fobias,
ansiedade, depressão etc.
A equipe do Dr. Castrén mostrou que os
antidepressivos sozinhos não surtem efeitos para esses problemas, enquanto a
psicoterapia sozinha obtém resultados de curta duração. Quando antidepressivos
e psicoterapia são combinados, por outro lado, obtém-se resultados de longa
duração.
"Simplesmente tomar antidepressivos não é o
bastante. Nós precisamos também mostrar ao cérebro quais são as conexões
desejadas," disse o pesquisador.
A necessidade de terapia e tratamento medicamentoso
também pode explicar porque os antidepressivos às vezes não têm efeito. Se o
ambiente e a situação do paciente permanecerem inalterados, a droga não tem
capacidade para induzir mudanças no cérebro, e o paciente não se sente melhor.
O estudo de Castrén chamou a atenção das
autoridades de saúde europeias, que lhe derem um financiamento de €2,5 milhões
para detalhar suas descobertas.