LEV VYGOTSKY (1896-1934)
Resumo do filme -
Marta Kohl de Oliveira
DISCIPLINA
PENSAMENTO E LINGUAGEM
Profª MSc Roseli
Maria Rodella de Oliveira
rrodella@gmail.com
LEV VYGOTSKY (1896-1934)
Resumo do filme -
Marta Kohl de Oliveira
I.
Dados Biográficos:
- Trabalhou com
Leontiev e Luria;
- Autor fundamental
para os estudos da Psicologia da Educação.
II.
Idéias fundamentais:
1.
Planos genéticos do desenvolvimento –
quer dizer que o funcionamento psicológico não é inato, não esta pronto
previamente, mas também não é recebido do meio ambiente como um pacote pronto. Teoria
interacionista – que leva em conta coisas que vem de dentro do sujeito e do
ambiente.
Para o autor são 4 entradas
de desenvolvimento que juntas caracterizariam o funcionamento psicológico do
ser humano:
a) Filogênese - Historia
da espécie. Esta história da espécie define limites e possibilidades de
funcionamento psicológico. Na espécie humana temos uma característica
fundamental que é a plasticidade do cérebro (nossa espécie é a menos pronta ao
nascer e, por isso, depende também do ambiente);
b) Ontogênese – História
do indivíduo da espécie, do ser. O membro individual tem um caminho de
desenvolvimento;
Como na filogênese, a
ontogênese, também é de natureza muito biológica, diz respeito à pertinência do
homem à espécie e por ser membro dessa espécie passa por certa sequência de
desenvolvimento;
c) Sociogênese - Historia
cultural onde o sujeito esta inserido. Ou seja, as formas de funcionamento
cultural que interferem no funcionamento psicológico do indivíduo;
d) Microgênese – Um aspecto mais microscópio do
desenvolvimento. Cada fenômeno psicológico tem sua própria história, com foco
bem definido (micro).
A microgênese é a porta
aberta dentro da teoria para o não determinismo. Aparece então a possibilidade
da construção da singularidade porque ninguém tem uma história igual ao do
outro. Tem fatos diferenciados na vida de cada um que irão definir a
singularidade do sujeito.
2. Mediação Simbólica
A invenção e o uso de signos
é análogo a invenção do uso de instrumentos, só que agora no campo psicológico.
Mediação =
intermediação (uma coisa interposta entre uma coisa e outra).
A idéia de Vygotisky é que a
relação entre o homem e o mundo é uma relação mediada, não é direta. A mediação
pode ser feita através de instrumentos e de signos.
Instrumentos
(ferramentas – uso faca para cortar o pão). A mediação é concreta;
Signos - formas de mediação – simbólicos (semiótica) entre o sujeito e o
objeto de conhecimento, entre o psiquismo e o mundo, o eu e o mundo, de
uma forma que não é concreta, mas simbólica.
Planos que aparecem os
signos:
a)
Há uma primeira forma de signos que ainda tem
uma existência concreta (banheiro masculino e feminino - chapéu e
sombrinha - signos que representam a idéia de masculino e feminino e todos
compartilham dessa Ideia), Esta marcado no mundo fora de mim, mas não é de
natureza instrumental, age num plano simbólico;
b)
Plano totalmente simbólico: totalmente
simbólicos e internalizados. Fazem a intermediação entre minha pessoa e o
mundo. As coisas são postas para dentro dos sistemas psicológicos da gente.
Funcionam como mediadores semióticos, simbólicos, dentro do nosso sistema
psicológico. Por isso, uma característica humana, a possibilidade de
representação mental, de transitar por um mundo que é só simbólico. Ex: Mesa –
não me relaciono com ela somente pela via perceptual, mas também vejo aquele
objeto e me remete a uma coisa que esta dentro da minha cabeça que é o
conceito, a idéia, a palavra, a imagem de mesa. Tem umas coisas que estão
dentro de mim que não é o próprio mundo, mas suas representações.
Possibilidade
de representação mental
Conceito/Ideia/palavra
= na mente
Humano
Relação
com o mundo:
a) Direta:
Por ex: a criança compreende que vela queima o dedo porque coloca o dedo na
chama;
b) Mediada: A informação
do outro que a vela queima já transmite o significado de queimar, de fogo. Ou
em uma segunda experiência, a criança, ao chegar perto do fogo vai afastar o
dedo porque vai lembrar da experiência
passada, a dor, ou seja, é mediada pela experiência anterior.
Grande parte da experiência dos homens é
mediada, não precisamos viver tudo para aprender.
3. Pensamento
e Linguagem
Na
ausência de um sistema de signos, somente um tipo primitivo de comunicação
torna-se possível.
- Animal
- não informa o que viu, não comunica, mas contagia o outro animal com seu
medo.
- Humano
– a língua, a fala, o discurso – o principal instrumento de representação
simbólica. Não é linguagem para Vygostisky, mas a língua, porque não é de
qualquer linguagem que ele fala, com a linguagem da dança, dos gestos, etc.
Signos –
são construídos culturalmente. O principal lugar cultural onde isso acontece é
na língua, ela é o principal instrumento de representação simbólica.
3.1 Linguagem
Duas
funções básicas da linguagem:
a) Comunicação
– Também presente nos animais. É assim que a linguagem também nasce para o ser
humano, como forma de comunicação;
b) Pensamento
generalizante – aparece mais tarde no desenvolvimento humano - onde a
língua encaixa com o pensamento – o uso da linguagem implica uma
compreensão generalizada do mundo. Ao nomear alguma coisa já estou realizando
um ato de generalização. Ex: Se nomeio de cachorro, coloco os outros cachorros
na mesma categoria e também distingo os cachorros dos outros que não são
cachorros. Uma palavra já serve para classificar o mundo em 2 categorias.
(Cachorro e não cachorro, copo e não copo, etc.). O ato de nomear é um ato de
classificar.
Somos
capazes de abstrair, generalizar, classificar porque dispomos de um sistema simbólico
articulado, compartilhado, organizado por regras que nenhuma outra espécie
animal possui.
Sistema Simbólico Compartilhado
|
- abstrair
- generalizar ------
- classificar
O
significado de uma palavra representa um amalgama tão estreito do pensamento e
linguagem que fica difícil dizer que se se trata de um fenômeno da fala ou do
pensamento. Do ponto de vista da psicologia o significado de cada
palavra é uma generalização ou um conceito. Como as generalizações o os
conceitos são atos de pensamentos; podemos pensar o significado como um
fenômeno do pensamento.
Para
Vygotisky a relação entre pensamento e linguagem é muito forte e muito
tipicamente humana e muito importante para o que é o funcionamento psicológico
humano. Essa relação não nasce com o sujeito, é desenvolvida ao longo do
desenvolvimento psicológico, tanto na historia da espécie, na filogênese,
quanto na historia do individuo, na ontogênese.
1°) Primeiro
existe linguagem (comunicação) e pensamento separados em todas as
espécies animais. Gestos, sons, expressão faciais e primórdios de pensamento são
chamados na psicologia de Inteligência Pratica. Resolvemos, nesse período,
problemas a partir do contexto perceptual próximo (Ex: macaco-pega a banana se
tiver uma vara no mesmo campo visual). Este é um plano concreto, sem
mediação simbólica - ocorre também no bebê (Ex: pega um banquinho para
alcançar um brinquedo). Nesse momento tem primórdio de pensamento, que é
chamado na psicologia de inteligência prática e a função comunicacional da
linguagem.
2°) Mais tarde pensamento e linguagem se unem e irão representar uma parte
substancial do funcionamento psicológico humano. Passam a funcionar em plano
simbólico e a Inteligência é abstrata. Passam a ser capaz de circular por
momentos e espaços ausentes do espaço perceptual presente. Podemos ser capaz de
imaginar, inventar, criar, recuperar coisas que aconteceram no passado. Passamos
a ter uma inteligência, um pensamento de natureza simbólica. Isso é
possibilitado pela linguagem. Inicialmente pela função generalizante da
linguagem e também por várias outras características da linguagem. Por ex: o
fato de termos verbos, presente, passado e futuro, permite que a gente transite
pelo tempo em termos simbólicos; o fato de termos a negação possibilita que
concebemos o não, a inexistência, o zero, a ausência.
A
relação entre pensamento e a palavra é um movimento contínuo de vai-e-vem do
pensamento para a palavra e vice-versa.
O pensamento não é simplesmente expresso em palavras, é por meio delas
que ele passa a existir.
A língua é uma coisa que está fora da
pessoa inicialmente. A criança nasce num meio falante e ela vai se
apropriar dessa língua ao longo do seu desenvolvimento, que acontece de fora
para dentro. O primeiro uso da linguagem é o que ele chama de fala socializada.
É a fala da criança com os outros, para o outros, só do lado de foras dela. Com
uma função comunicativa inicial.
O
ponto de chegada da língua, o mais desenvolvido de todos, é o chamado de
discurso interior. É o fato de que a gente incorpora um sistema simbólico, no
nosso aparato psicológico, e é capaz de ter internamente esse plano simbólico
do funcionamento psicológico com o suporte da língua. Mas
está dentro de mim, não preciso falar alto. Meu pensamento acontece apoiado nas
palavras, nos conceito, mas eu não preciso externá-lo, ele funciona dentro da
minha cabeça. Eu penso sozinho com o suporte das palavras, com o modo de pensar
da minha língua, com as possibilidades de transito pelo mundo do simbólico que
a minha língua me fornece, mas tudo isso dentro da minha cabeça.
Então,
as coisas começam do lado de fora e acabam internalizadas.
Vygotisky propõe também que entre o que
acontece fora e dentro acontece um momento do desenvolvimento que é a fala
egocêntrica. A criança por volta de três, quatro anos
fala sozinha. Ela fala alto e não precisa de um interlocutor. Este fenômeno foi
identificado por Piaget e Vygotisky se apropria da idéia mas o usa com outra concepção,
porque Vygotisky trabalha as coisas de fora para dentro e Piaget de dentro para
fora.
Piaget
- existe fala egocêntrica, mas é um indicador que o desenvolvimento está saindo
de dentro para fora.
Vygotsky – é exatamente o
oposto – a existência da fala egocêntrica indica que ela esta sendo posta
para dentro. O falar sozinho é como se ela estivesse usando um formato
ainda socializado da língua, que é falar alto, mas com uma função já do
discurso interior que é a fala para mim. Aparece muito quando ela está em
dificuldade cognitiva, o que evidencia que a linguagem é um instrumento de
pensamento. Ela usa a língua para ajudar a resolver problemas.